sábado, 12 de novembro de 2011

Vídeos e textos que ajudarão para a prova de 3° bimestre.

Ver estes vídeos não é imprescindível para fazer a prova, porém eles vão lhe fornecer uma maior intuição na hora de executar esta mesma prova.

OBS:

A - Não será permitido uso de nenhum material na prova (incluindo a proibição do dicionário comum e celulares). Será necessário para a prova: 1- Conhecer as Teorias de Parmênides, Pitágoras, Platão, Aristóteles (apostila e livros do blog pra ajudar); 2- Conhecer a Teoria do complexo de Édipo (ítem menos importante, só tem que conhecer o básico.). 3- Capacidade de compreenção da crítica das teorias do ítem 1, presentes no(s) texto(s) da Prova (o mais importante e o mais cobrado, os exercícios em caderno passados em sala de aula ajudam, e vejam a observação B). Estudem!

B - É importante perceber que os temas dos vídeos revelam uma relação com a metafísica, pois a sociedade do espetáculo vive a inversão da metafísica clássica. Se antes as essências eram a verdade, o bom, o perfeito, o justo, o belo (lembrem do mito da caverna). E sendo estas essências parte de outro mundo, de um mundo metafísico das idéias ou formas. Agora (após as revoluções modernas da ciência e da técnica, que converteram a antiga metafísica e a religião em uma pseudo-física), as "cópias ou imagens" e a "idéia de natureza" são valorizadas como se fossem o extremo da realidade e do sagrado. A idéia de imagem e a idéia de natureza se pretendem absolutamente reais e perfeitas. Isso se manifesta em dois mitos: O mito da matemática (vejam Platão-Pitágoras e o exercício, que é basicamente o trabalho que vocês fizeram em sala) e o mito das imagens (vídeos  e textos abaixo). Ciência e mídia quase que se fundem em uma nova metafísica, a metafísica do espetáculo.

Vamos aos vídeos:

Vídeo 1:


Vídeo 2:



Guy Debord
A SOCIEDADE DO ESPETÁCULO
CAPÍTULO I
A SEPARAÇÃO CONSOLIDADA

Nosso tempo, sem dúvida... prefere a imagem à
coisa, a cópia ao original, a representação à
realidade, a aparência ao ser... O que é sagrado
para ele, não passa de ilusão, pois a verdade
está no profano. Ou seja, à medida que
decresce a verdade a ilusão aumenta, e o
sagrado cresce a seus olhos de forma que o
cúmulo da ilusão é também o cúmulo do
sagrado.

Feuerbach — Prefácio à segunda edição de A
Essência do Cristianismo
1
Toda a vida das sociedades nas quais reinam as condições modernas de produção se anuncia como uma imensa acumulação de espetáculos. Tudo o que era diretamente vivido se esvai na fumaça da representação.
2
As imagens fluem desligadas de cada aspecto da vida e fundem-se num curso comum, de forma que a unidade da vida não mais pode ser restabelecida. A realidade considerada parcialmente reflete em sua própria unidade geral um pseudo mundo à parte, objeto de pura contemplação. A especialização das imagens do mundo acaba numa imagem autonomizada, onde o mentiroso mente a si próprio. O espetáculo em geral, como inversão concreta da vida, é o movimento autônomo do não-vivo.
3
O espetáculo é ao mesmo tempo parte da sociedade, a própria sociedade e seu instrumento de unificação. Enquanto parte da sociedade, o espetáculo concentra todo o olhar e toda a consciência. Por ser algo separado, ele é o foco do olhar iludido e da falsa consciência; a unificação que realiza não é outra coisa senão a linguagem oficial da separação generalizada.
4
O espetáculo não é um conjunto de imagens, mas uma relação social entre pessoas, mediatizada por imagens.
5
O espetáculo não pode ser compreendido como abuso do mundo da visão ou produto de técnicas de difusão massiva de imagens. Ele é a expressão de uma Weltanschauung [ideologia], materialmente traduzida. É uma visão cristalizada do mundo.
6
O espetáculo, compreendido na sua totalidade, é simultaneamente o resultado e o projeto do modo de produção existente. Ele não é um complemento ao mundo real, um adereço decorativo. É o coração da irrealidade da sociedade real. Sob todas as suas formas particulares de informação ou propaganda, publicidade ou consumo direto do entretenimento, o espetáculo constitui o modelo presente da vida socialmente dominante. Ele é a afirmação onipresente da escolha já feita na produção, e no seu corolário — o consumo. A forma e o conteúdo do espetáculo são a justificação total das condições e dos fins do sistema existente. O espetáculo é também a presença permanente desta justificação,
enquanto ocupação principal do tempo vivido fora da produção moderna.
7
A própria separação faz parte da unidade do mundo, da práxis social global que se cindiu em realidade e imagem. A prática social, diante da qual surge o espetáculo autônomo, é também a totalidade real que contém o espetáculo. Mas a cisão nesta totalidade mutila  ao ponto de apresentar o espetáculo como sua finalidade. A linguagem do espetáculo é constituída por signos da produção reinante, que são ao mesmo tempo o princípio e a finalidade última da produção.
8
Não se pode contrapor abstratamente o espetáculo à atividade social efetiva; este desdobramento está ele próprio desdobrado. O espetáculo que inverte o real é produzido de forma que a realidade vivida acaba materialmente invadida pela contemplação do espetáculo, refazendo em si mesma a ordem
espetacular pela adesão positiva. A realidade objetiva está presente nos dois lados. O alvo é passar para o lado oposto: a realidade surge no espetáculo, e o espetáculo no real. Esta alienação recíproca é a essência e o sustento da sociedade existente.
9
No mundo realmente invertido, o verdadeiro é um momento do falso.
10
O conceito de espetáculo unifica e explica uma grande diversidade de fenômenos aparentes. As suas diversidades e contrastes são as aparências organizadas socialmente, que devem, elas próprias, serem reconhecidas na sua verdade geral. Considerado segundo os seus próprios termos, o espetáculo é a afirmação da aparência e a afirmação de toda a vida humana, socialmente falando, como simples aparência. Mas a crítica que atinge a verdade do espetáculo descobre-o como a negação visível da vida; uma negação da vida que se tornou visível.

Exercícios

Este Exercício está com as respostas em Azul. Você poderá usá-lo como fonte de estudo se descobrir os motivos pelos quais as demais opções estão incorretas.
Mitologias e a sociedade contemporânea.
A parte vermelha do texto é a explicação e a azul a parte do texto sendo explicada

O mito é uma fala despolitizada (...) assim, a cada instante e seja onde for, o homem é bloqueado pelos mitos, estes reenviam-no ao protótipo imóvel que vive por ele, no seu lugar, que o sufoca (....) [referência aos modelos imóveis da tradição metafísica platonico-aristotélica-cristã] Os mitos não são nada mais do que essa solicitação incessante, infatigável, essa exigência abusada e inflexível que obriga os homens a se reconhecerem nessa imagem de si próprios, eterna e no entanto datada, que um dia se constrói como se fora para todo o sempre [A imagem ou essência se inventa um dia, no tempo, e pelos homens, mas se diz dessa idéia ou essência contruída em uma data, que ela sempre existiu, que ela é eterna]. Pois a natureza, na qual foram enclausurados sob o pretexto de uma eternização, não é mais do que uma mentira [aqui, definitivamente fica claro que o texto de Barthes está criticando a metafísica], um engodo. E esse engodo, por maior que seja, é preciso dominá-lo e transformá-lo. É possível completar agora a definição do mito na sociedade burguesa: o mito é uma fala despolitizada [ou seja, o mito da metafísica, das essências eternas, tiram a sua possibilidade de mudança, e de ação no mundo, pois as essências são fixas.]. Naturalmente, é necessário entender política no seu sentido profundo, como conjunto das relações humanas na sua estrutura real, social, no seu poder de construção do mundo; é, sobretudo , necessário conferir um valor ativo ao sufixo “des”: ele representa aqui um movimento ativo, atualizando incessantemente um abandono do real [isto é, existe uma vontade ativa, que quer tirar a sua ação, sua possibilidade de fazer política]. (...). O mito não nega as coisas; a sua função é, pelo contrário, falar delas; [a mitologia] simplesmente, purifica-as, inocenta-as, fundamentando-as em natureza ou essências [o mito não inventa coisas absurdas e loucas, ele inventa coisas que são passíveis de serem acreditadas, pois ele fala de coisas que todos acreditarão, pois de alguma maneira ele se baseia em dados já conhecidos e reconhecidos como verdadeiros, mas ele descontextualiza, purifica e inocenta esta realidade, transformando o seu sentido, criando uma mentira]. (...) a função do mito é transformar uma intenção histórica em natureza, [isto é] um acaso em eternidade [mais uma vez o paralelo tempo-história x eternidade-infinitude]. Este processo é o próprio processo da ideologia burguesa. Se a nossa sociedade é objetivamente o campo privilegiado das imagens míticas, é porque o mito é formalmente o instrumento mais apropriado para a inversão ideológica que a define: a todos os níveis de comunicação humana, o mito realiza a inversão da metafísica em pseudo-phisis. [Se é pseudo=falso, então o mito faz uma idéia (metafísica) parecer física, mas na realidade é apamas aparentemente física, como já comentamos em sala de aula, um modelo (platônico) como os modelos atômicos ou astronômicos] O mundo oferece ao mito um real histórico e o mito devolve uma imagem pretensamente natural deste real, mas que na realidade é um símbolo, uma coisa não física, não real, uma mera representação metafísica.                                                
Texto de Roland Barthes, adaptação Edson Menezes.
1- Baseando-se no texto acima, e nas discussões feitas em sala de aula, marque as opções corretas. É importante seguir o sentido do texto acima e os conceitos dados ao longo do bimestre. 

I.      A superioridade masculina é uma realidade simbolizada como tal em muitos mitos. Para verificarmos este fato, basta analisarmos o mito de Adão e Eva, que representa o patriarcado judaico cristão. Esta narrativa nos leva a reflexão de como a tradição descreve o lugar de fato do gênero feminino.

a.      A frase acima está errada porque a realidade do homem não é a mesma que o símbolo representa, pois o mito é sempre uma ficção, mesmo que baseada em algum fato real.
b.      Está parcialmente errada, pois: (1) a realidade do homem não é a mesma que o símbolo representa, pois o mito é sempre uma ficção, mesmo q baseada em algum fato real. (2) Porém a mulher tem um lugar de fato que deve ser considerado, que é seu papel junto ao lar, pois ela é talhada para ser mãe.
c.       Está certa, pois no mito toda a realidade é simbolizada como falsidade.
d.      Está errada, pois não existem essências femininas ou masculinas que determinem o lugar de fato de nenhum dos gêneros, portanto o lugar do homem ou da mulher é simbólico-mitológico.

II.      A origem da familia moderna é um fenomeno natural que é a base da sociedade que temos hoje. A prova disso é que a Ilha de Sumatra (Indonésia) e em Mosuo, na província de Sichuan (China), vivem um matriarcado. O prefixo ama é usado para a palavra grega amazona, que refere as guerreiras dessa civilização; na África e entre a sociedade mosuo, com o mesmo significado. Na língua dos mosuos a palavra Ama significa Mãe. Isto é uma grande analogia com o nome que refere as amazonas. Também pode se aplicar aos berberes no Norte da África, que foram matriarcais no passado, chamando-se de Amazigh em sua língua natural. Na própria lingua portuguesa utilizamos o termo “ama de leite”, significando “mãe de leite”. De todas estas analogias pode-se, segundo ela, concluir que a muito antiga palvra ama tem o significado de Mãe no sentido mais estrito, e no sentido figurativo, sociedade matriarcal. As tradicionais sociedades ocidentais, seguindo esta origem matriarcal, tem na mulher o centro da familia e colocam na figura da mãe todos os valores mais nobres.
a.      Esta frase esta errada, pois: nao existe familia natural e a palavra “ama” esta ligada as sociedades patriarcais.
b.      Está errada pois, a familia é um fenomeno natural da biologia.
c.       Esta certa, pois a familia é um fenomeno natural da biologia.
d.      Está errada, pois nenhum dado natural justifica necessariamente a estrutura da familia que temos hoje.


2- Marque a opção exigida pela questão. Após seleciona-las marque o CARTÃO RESPOSTA no final da prova.


III.      A Patrística, que é uma parte da filosofia medieval,  poderia ser definida como:
(A) adaptação do pensamento aristotélico, conforme os moldes teológicos da época.
(B) configuração de um novo horizonte filosófico, proposto por Santo Agostinho, inspirado em Platão, de modo a resgatar a importância das coisas sensíveis, da materialidade.
(C) Resgate do pensamento de Platão, conforme os modelos teológicos da época, estabelecendo estreita relação entre filosofia e religião.
(D) criação de uma escola filosófica, que visava combater os ataques dos pagãos, rompendo com o dualismo grego.
IV.      Tendo em vista que a matemática é uma disciplina da abstração pura, não tendo nenhuma relação com o mundo sensível, (isto é, a matemática é uma disciplina platônica) ela não é um conhecimento que pode ser formulado por meio da experimentação, mas sim pelo puro intelecto. Tendo estas afirmativas como base, marque a opção incorreta.

(A)     A matemática é uma preparação para o estudo da metafísica.
(B)     Toda a matemática é um instrumento racional capaz de nos descrever os fenômenos da natureza com completo acerto.
(C)      A matemática nos leva para um universo conceitual puro e perfeito, que não tem nenhuma relação necessária com o mundo físico.
(D)     A maior parte das matemáticas desenvolvidas até hoje são puramente teóricas.
(E)     Mesmo algumas vezes se descobrindo que se é possível usar parte da matemática que até então era puramente teórica, não há nenhuma garantia que a matemática em si mesma tenha relação com algum fenômeno físico .
V.      A matemática é sempre um conhecimento puro da razão, um modelo. A matemática é sempre um campo abstrato, que pode ou não ter uma relação com o mundo físico, isso significa que apenas contingentemente ela se relaciona com a natureza. A idéia de que o mundo natural pode ser lido pela matemática como verdade absoluta é ideológico (ou seja, pertence a um conjunto de idéias usadas para dominar). Baseando-se nisso a afirmativa correta é:
a.      A matemática é uma forma de se compreender o mundo, e é uma linguagem absoluta. A natureza é matemática.
b.      A matemática não traduz a realidade, pois a matematizaçao do mundo é uma forma de mito contemporâneo.
c.       A matemática traduz a realidade, pois a matematização do mundo é ideológica, portanto possui funções de mito.
d.      A matemática e seu ensino hoje, em um âmbito político, ocupam um lugar sem nenhuma ideologia.

VI.      Para Platão, “a Matemática é o modelo de todo o processo de compreensão”. Se a missão da filosofia é descobrir a verdade para além da opinião e da aparência, das mudanças e ilusões do mundo temporal, então a Matemática é um exemplo notável de conhecimento de verdades eternas e necessárias independente da experiência dos sentidos. Como Platão defende na República, o filósofo deve saber matemática porque: “Ela tem um efeito muito grande na elevação da mente compelindo-a a raciocinar sobre entidades abstratas”. Em Platão, a matemática é muito mais do que uma simples disciplina auxiliar para o mundo das ciências práticas. O seu valor não reside nas suas aplicações materiais. O filósofo pensa assim, pois sem a conceituação abstrata (atividade racional por excelência) o Homem não seria Homem. É com uma riqueza impressionante de análise que Platão determina o valor cultural da matemática como algo que  purifica e estimula a alma, um saber que faz voar o pensamento para os objetos mais sublimes, e que arrasta a alma para o Ser. A sua eficácia reside em facilitar, àqueles que para ela têm talento, a capacidade para compreender toda a classe de idéias metafísicas e portanto eternas. Como diz Platão na República, a matemática é: “mais importante que dez mil olhos” (527 E).
Este texto   expõe as razões por trás do mito da caverna. O mito é apenas uma forma de simbolizar o sistema platônico. Acerca deste mito, é correto afirmar que no próprio mito da caverna:

a.      As verdades eternas eram geométricas, e residiam no mundo das sombras.
b.      As verdades eternas eram geométricas e enganavam os homens.
c.       As verdades eternas que residem no mundo das idéias, são deteriorações da razão.
d.      As verdades eternas, eram geométricas, e residiam fora da caverna e serviam de molde para o mundo metafísico.
e.       As verdades eternas, eram geométricas, e residiam fora da caverna e serviam de molde para o mundo físico.

VII.      Aristóteles foi aluno de Platão, e influencia até hoje nossa visão de mundo. Sua presença se fez notar sobretudo na filosofia escolástica, através da qual seus pensamentos se tornaram populares. São conceitos de Aristóteles:


a.      Quatro causas, contingência, necessidade, primeiro motor.
b.      Primeiro motor, demiurgo, geocentrismo, mundo supra-lunar.
c.       Primeiro motor, contingência, necessidade, amor platônico.
d.      Quatro causas, demiurgo, geocentrismo, teoria de dois mundos.



VIII.      O primeiro motor é:
a.      Um conceito de Platão que designa a primeira das causas contingentes do universo.
b.      Um conceito de Aristóteles que designa a primeira das causas matérias do cosmos.
c.       Um conceito de Platão que designa a primeira causa necessária do universo.
d.      Um conceito de Aristóteles que designa a primeira causa  necessária do cosmos.
e.       Um conceito de Platão que designa a primeira das ordens formais e contingentes do cosmos.

IX.      Parmênides influenciou Platão com:


a.      A teoria do Ser móvel e único.
b.      A teoria do Ser imóvel e múltiplo.
c.       A teoria do logos.
d.      A teoria do Ser homogêneo e eterno.
e.       A teoria dos seres imóveis e bons.
f.        A teoria dos ser logóico único e instável.



X.    Do ponto de vista cósmico, para Arisóteles, os seres contingentes dependem de que tipo de coisa para existirem:

           a. Seres eficientes e contingentes.
           b. Seres mateiriais e formas vivas.
           c. Ser necessário.
           d. Ser Final e móvel.
           e. Ser necessário, que é móvel e eterno.

domingo, 30 de outubro de 2011

Aristóteles

Aristóteles, princípios e história.

Aristóteles (em grego Αριστοτέλης) nasceu em Estagira, na Calcídica (384 a.C. - 322 a.C.). Filósofo grego, aluno de Platão e professor de Alexandre, o Grande, é considerado um dos maiores pensadores de todos os tempos e criador do pensamento lógico.
Aristóteles figura entre os mais influentes filósofos gregos, ao lado de Sócrates e Platão, que transformaram a filosofia pré-socrática, construindo um dos principais fundamentos da filosofia ocidental. Aristóteles prestou contribuições fundantes em diversas áreas do conhecimento humano, destacando-se: ética, política, física, metafísica, lógica, psicologia, poesia, retórica, zoologia, biologia, história natural.
É considerado por muitos o filósofo que mais influenciou o pensamento ocidental, a exemplo das palavras que ele criou e que passaram para quase todas as linguas modernas (atualidade, axioma, categoria, energia, essência, potencial, potência, tópico, virtualidade e muitas outras). Sua influência também pode ser percebida na obra "A Divina Comédia" de Dante Alighieri já que toda a astronomia dantesca se funda em Aristóteles e seus comentadores.
Foi chamado por Augusto Comte de "o príncipe eterno dos verdadeiros filósofos", por Platão de "o leitor" (pela avidez com que lia e por se ter cercado dos livros dos poetas, filósofos e homens da ciência contemporâneos e anteriores) e, pelos pensadores árabes, de o "preceptor da inteligência humana". Por ter estudado uma variada gama de assuntos, e por ter sido também um discípulo que em muito sentidos ultrapassou o mestre, Platão. É conhecido também como "O Filósofo". Aristóteles também foi chamado de o estagirita, pela sua terra natal, Estagira.
Aristóteles contribuiu para o desenvolvimento de muitas ciências, mas, em retrospectiva, percebe-se que o valor desse contributo foi bastante desigual. A sua química e a sua física são muito menos impressionantes do que as suas investigações no domínio das ciências da vida. Mesmo que, por exemplo, sua física tenha sido ultrapassada, seus escritos zoológicos continuavam a ser considerados impressionantes pelo próprio Darwin. 
Video sobre Aristóteles:


Metafísica

O termo "Metafísica" não é aristotélico; o que hoje chamamos de metafísica era chamado por Aristóteles de filosofia primeira. Esta é a ciência que se ocupa com realidades que estão além das realidades físicas que possuem fácil e imediata apreensão sensorial.
O conceito de metafísica em Aristóteles é extremamente complexo e não há uma definição única. O filósofo deu quatro definições para metafísica:
a ciência que indaga causas e princípios;
a ciência que indaga o ser enquanto ser;
a ciência que investiga a substância;
a ciência que investiga a substância supra-sensível.
Os conceitos de ato e potência, matéria e forma, substância e acidente possuem especial importância na filosofia aristotélica.

Matéria e Forma


A substância de um objeto é dada por sua materia e por sua forma. A matéria consiste nos elementos fisicos que constituem a coisa. Já a forma tem um conceito mais complexo: eça é a estrutura interna na qual a matéria está organizada, que a "modela"de modo que a coisa seja reconhecida como é. Forma e matéria juntas, mostram-se ao homem através das informações captadas por nossos sentidos. A forma é o aspecto metafísico, que jundo da matéria (aspecto físico) cria o mundo.

Essência e acidente

Aristóteles distingue, também, a essência e os acidentes em alguma coisa.
A essência é algo sem o qual aquilo não pode ser o que é; é o que dá identidade a um ser, e sem a qual aquele ser não pode ser reconhecido como sendo ele mesmo (por exemplo: um livro sem nenhum tipo de letras não pode ser considerado um livro, pois o fato de ter letras é o que permite-o ser identificado como "livro" e não como "caderno" ou meramente "papel em branco").
O acidente é algo que pode ser inerente ou não ao ser, mas que, mesmo assim, não descaracteriza-se o ser por sua falta (o tamanho de uma flor, por exemplo, é um acidente, pois uma flor grande não deixará de ser flor por ser grande; a sua cor, também, pois, por mais que uma flor tenha que ter, necessariamente, alguma cor, ainda assim tal característica não faz de uma flor o que ela é).


Potência, ato e movimento

Todas as coisas são em potência e ato. Uma coisa em potência é uma coisa que tende a ser outra, como uma semente (uma árvore em potência). Uma coisa em ato é algo que já está realizado, como uma árvore (uma semente em ato). É interessante notar que todas as coisas, mesmo em ato, também são em potência (pois uma árvore - uma semente em ato - também é uma folha de papel ou uma mesa em potência). A única coisa totalmente em ato é o Ato Puro, que Aristóteles identifica com o Bem. Esse Ato não é nada em potência, nem é a realização de potência alguma. Ele é sempre igual a si mesmo, e não é um antecedente de coisa alguma. Desse conceito Tomás de Aquino derivou sua noção de Deus em que Deus seria "ato puro".
Um ser em potência só pode tornar-se um ser em ato mediante algum movimento. O movimento vai sempre da potência ao ato, da privação à posse. É por isso que o movimento pode ser definido como ato de um ser em potência enquanto está em potência.


As quatro causas

Para Aristóteles, existem quatro causas implicadas na existência de algo:
A causa material (aquilo do qual é feita alguma coisa, a argila, por exemplo);
A causa formal (a coisa em si, como um vaso de argila);
A causa eficiente (aquilo que dá origem ao processo em que a coisa surge, como as mãos de quem trabalha a argila);
A causa final (aquilo para o qual a coisa é feita, cite-se portar arranjos para enfeitar um ambiente).
A teoria aristotélica sobre as causas estende-se sobre toda a Natureza, que é como um artista que age no interior das coisas.


A astronomia de Aristóteles:

A astronomia de Aristóteles era Geocêntrica, e talvez este seja um dos aspectos da sua física, que mais marcou a história do ocidente. As orbitas planetarias em dispostas pela velocidade dos astros, sendo organizada do mais rápido (terra e lua no centro) para o mais lento, como vemos à esquerda.

Além das estrelas fixas estaria o SER, princípio metafísico puro, motor imóvel do universo.








Ética, Política e a condição da mulher:

Segundo as palavras do próprio filósofo:


"(...) da mesma forma que o homem e a mulher são parte da família, é óbvio que a cidade também é dividida em uma metade de população masculina e outra metade de população feminina, de tal forma que em todas  as constituições nas quais a posição das mulheres é mal ordenada se pode considerar que metade da cidade não tem leis. Foi isto que aconteceu na Lacedemônia, pois o legislador, querendo que toda a comunidade  fosse igualmente belicosa, atingiu claramente o seu objetivo com relação aos homens, mas falhou quanto às mulheres que vivem licenciosamente,entregues a todas as formas de depravação e da maneira mais luxuriosa. Disto resulta inevitavelmente que numa cidade assim estruturada a riqueza é excessivamente apreciada, especialmente se os homens se deixam governar pelas mulheres (...) Existia tal característica entre os Lacedemônios, e no período de sua hegemonia muitos assuntos eram decididos pelas mulheres (...) as mulheres se tornaram possuidoras de cerca de dois quintos de todo o território da Lacedemônia, por causa do grande número delas que herda propriedades e da prática de dar grandes dotes (...) o mau comportamento da mulher não somente infunde um ar de licenciosidade à própria constituição, mas  também tende de certo modo a estimular o amor à riqueza” (Aristóteles, Política, VI, 1270 a-b, pp. 60-61).

Segundo Maria da Graça Ferreira Schalcher, tal passagem da Política recoloca em questão a fraqueza da mulher, não apenas na dimensão fisiológica, mas investida de uma conotação ético-metafísica com as relações entre a alma e o corpo, e entre as partes da alma, uma provida e a outra desprovida de razão; a primeira constituindo o elemento hegemônico e a segunda, o elemento subordinado. Ainda que Aristóteles afirme, sublinha Schalcher, em coerência com o fato de a mulher pertencer ao gênero humano, que todas as partes da alma estão nela presentes, ele considera essa presença de forma distinta em relação ao homem, pois apesar de a mulher possuir a capacidade de deliberar, falta a ela a capacidade de decidir (Schalcher, 1998: 338).

Texto e referências retirados de:
Considerações sobre a condição da mulher na Grécia Clássica (sécs. V e IV a.C.)
Considerations about the Woman’s condition in Classical Greece (5th and 6th centuries)

sábado, 29 de outubro de 2011

Parmênides e os princípios da metafísica

Parcialmente desconsiderando o sentido cronológico, estamos estudando alguns filósofos pré-socráticos depois de estudar um pouco de Sócrates, Platão e Aristóteles. Cotinuaremos fazendo menção aos pré-socráticos sempre quando necessário, sobretudo para entendermos as origens das questões filosóficas. Tomemos o quadro a seguir como um referencial:


Parmênides:  sua polêmica contra Heráclito.
Por Gabriel Garcia Morente

Parmênides de Eléia introduz a maior revolução que se conhece na história do pensamento humano. Parmênides de Eléia leva a efeito a façanha maior que o pensamento ocidental europeu realizou em
vinte e cinco séculos; tanto, que continuamos ainda hoje vivendo nos mesmos trilhos e caminhos filosóficos que foram abertos por Parmênides de Eléia, e por onde este impeliu, com um impulso gigantesco, o pensamento filosófico humano.
Eléia é uma pequena cidade do sul da Itália que deu seu nome à escola de filósofos influenciados por Parmênides, que nas histórias da filosofia se chama "escola eleática", porque todos eles foram dessa mesma cidade de Eléia.
A filosofia de Parmênides não pode ser bem compreendida se não se coloca em relação polêmica com a filosofia de Heráclito. O pensamento de Parmênides amadurece, cresce, se multiplica em vigor e esplendor, à medida que vai empreendendo a crítica de Heráclito. Desenvolve-se na polêmica contra Heráclito.
Parmênides se defronta com a solução que Heráclito dá ao problema metafísico. Analisa esta solução e constata que, segundo Heráclito, resulta que uma coisa é e não é ao mesmo tempo, visto que o ser consiste em estar sendo, em fluir, em devir. Parmênides, analisando a idéia mesma de devir, de fluir, de mudar, encontra nessa idéia o elemento de que o ser deixa de ser o que é para tornar-se outra coisa, e, ao mesmo tempo que se torna outra coisa, deixa de ser o que é para tornar-se outra coisa. Verifica, pois, que dentro da idéia do devir há uma contradição lógica, há esta contradição: que o ser não é; que aquele que é não é, visto que o que é neste momento já não é neste momento, antes passa a ser outra coisa. Qualquer olhar que lancemos sobre a realidade nos confronta com uma contradição lógica, com um ser que se caracteriza por não ser. E diz Parmênides: isto é absurdo; a filosofia de Heráclito é absurda, é ininteligível, não há quem a compreenda. Porque como pode alguém compreender que o que é não seja, e, o que não é seja? Não pode ser! Isto é impossível! Temos, pois, que opor às contradições, aos absurdos, à ininteligibilidade da filosofia de Heráclito um princípio de razão, um principio de pensamento que não possa nunca falhar. Qual será este princípio? Este: o ser é; o não—ser não é. Tudo o que fugir disto é despropositado, e jogar-se, precipitar-se no abismo do erro. Como se pode dizer, como diz Heráclito, que as coisas são e não são? Por que a idéia do devir implica necessariamente, como seu próprio nervo interior, que aquilo que agora é, já não é, visto que todo momento que tomamos no transcurso do ser, segundo Heráclito, é um trânsito para o não-ser do que antes era, e isto é incompreensível, e isto é ininteligível. As coisas têm um ser, e este ser, é. Se não têm ser, o não-ser não é.
Se Parmênides se tivesse contentado em fazer a crítica de Heráclito teria feito já uma obra de importância filosófica considerável. Porém, não se contenta com isso, mas antes acrescenta à crítica de Heráclito uma construção metafísica própria. E como leva a efeito esta construção metafísica própria? Pois leva-a a efeito partindo desse princípio, de razão que ele acaba de descobrir. Parmênides acaba de descobrir o princípio lógico do pensamento, que formula nestes termos categóricos e estritos: o ser é; o não-ser não é. E tudo o que se afastar disso será corrida em direção ao erro.

35.   O Ser e suas qualidades.

Este princípio, que descobre Parmênides e que os lógicos atuais chamam "princípio de identidade", serviu-lhe de base para a sua construção  metafísica. Parmênides diz: em virtude desse princípio de identidade (é claro que ele não o chamou assim; assim o denominaram muito depois os lógicos), em virtude do princípio de que o ser é, e o não-ser não é, princípio que ninguém pode negar sem ser declarado louco, podemos afirmar acerca do ser uma porção de coisas. Podemos afirmar, primeiramente, que o ser é único. Não pode haver dois seres; não pode haver mais que um só ser. Porque suponhamos que haja dois seres; pois, então, aquilo que distingue um do outro "é" no primeiro, porém "não é" no segundo. Mas se no segundo não é aquilo que no primeiro é, então chegamos ao absurdo lógico de que o ser do primeiro não é no segundo. Tomando isto absolutamente, chegamos ao absurdo contraditório de afirmar o não-ser do ser. Dito de outro modo: se há dois seres, que há entre eles? O não-ser. Mas dizer que há o não-ser é dizer que o não-ser, é. E isto é contraditório, isto é absurdo, não tem cabimento; essa proposição é contrária ao princípio de identidade.
Portanto, podemos afirmar que o ser é único, um. Mas ainda podemos afirmar que é eterno. Se não o fosse, teria princípio e teria fim. Se tem princípio, é que antes de começar o ser havia o não ser. Mas, como podemos admitir que haja o não-ser? Admitir que há o não-ser, é admitir que o não-ser é. Admitir que o não-ser é, é tão absurdo como admitir que este cristal é verde e não-verde. O ser é, o não-ser não é. Por conseguinte, antes que o ser fosse, havia também o ser; quer dizer, que o ser não tem princípio. Pela mesma razão não tem fim, porque se tem fim é que chega um momento em que o ser deixa de ser. E depois de ter deixado de ser o ser, que há? O não-ser. Mas, então, temos que afirmar o ser do não-ser, e isto é absurdo. Por conseguinte, o ser é, além de único, eterno.
Mas não fica nisto. Além de eterno, o ser é imutável. O ser não pode mudar, porque toda mudança do ser implica o ser do não-ser, visto que toda mudança é deixar de ser o que era para ser o que não era, e, tanto no deixar de ser como no chegar a ser, vai implícito o ser do não-ser, o que é contraditório.
Mas, além de imutável, o ser é ilimitado, infinito. Não tem limites ou, dito de outro modo, não está em parte alguma. Estar em uma parte é encontrar-se em algo mais extenso e, por conseguinte, ter limites. Mas o ser não pode ter limites, porque se tem limites, cheguemos até estes limites e suponhamo-nos nestes limites. Que há além do limite? O não-ser. Mas então temos que supor o ser do não-ser além do ser. Por conseguinte o ser não pode ter limites e se não pode ter limites, não está em parte alguma e é ilimitado.
Mas há mais, e já chegamos ao fim. O ser é imóvel, não pode mover-se, porque mover-se é deixar de estar num lugar para estar em outro. Mas como predicar-se do ser — o qual, como acabamos de ver, é ilimitado e imutável — o estar em um lugar? Estar em um lugar supõe que o lugar onde está é mais amplo, mais extenso que aquilo que está no lugar. Por conseguinte, o ser, que é o mais extenso, o mais amplo que há, não pode estar em lugar algum, e se não pode estar em lugar algum, não pode deixar de estar no lugar; ora: o movimento consiste em estar estando, em deixar de estar num lugar para estar em outro lugar. Logo o ser é imóvel.
Se resumirmos todos esses predicados que Parmênides atribui ao ser, encontramos que o ser é único, eterno, imutável, ilimitado e imóvel. Já encontrou bastante coisa Parmênides. Mas, ainda vai além.

Tendo entendido as qualidades do Ser vejamos uma video-aula sobre o assunto:


36.   Teoria dos dois mundos.

Evidentemente, não podia escapar a Parmênides que o espetáculo do universo, do mundo das coisas, tal como se oferece aos nossos sentidos, é completamente distinto deste ser único, imóvel, ilimitado,  mutável e eterno. As coisas são, pelo contrário, movimentos, seres múltiplos que vão e vêm, que se movem, que mudam, que nascem e que perecem. Não podia, pois, passar despercebido a Parmênides a oposição em que sua metafísica se encontrava frente ao espetáculo do universo. Então Parmênides não hesita um instante. Com esse sentido da coerência lógica que têm as crianças (neste caso Parmênides é a criança da filosofia) tira corajosamente a conclusão: este mundo heterogêneo de cores, de sabores, de cheiros, de movimentos, de subidas e descidas, das coisas que vão e vêm, da multiplicidade dos seres, de sua variedade, do seu movimento, de sua heterogeneidade, todo este mundo sensível é uma aparência, é uma ilusão dos nossos sentidos, uma ilusão da nossa faculdade de perceber. Assim como um homem que visse forçosamente o mundo através de uns cristais vermelhos diria: as coisas são vermelhas, e estaria errado: do mesmo modo quando dizemos: o ser é múltiplo, o ser é movediço, o ser é mutável, o ser é variadíssimo, estamos errados. Na realidade, o ser é único, imutável, eterno, ilimitado e imóvel.
Declara então Parmênides, resolutamente, que a percepção sensível é ilusória. E imediatamente, com a maior coragem, tira outra conclusão: a de que há um mundo sensível e um mundo inteligível. E pela primeira vez na história da filosofia aparece esta tese da distinção entre o mundo sensível e o mundo inteligível, que dura até hoje.

domingo, 9 de outubro de 2011

Platão, a Metafisica da caverna e Planolândia

PLATÃO E O MUNDO DAS IDÉIAS


Platão de Atenas (Atenas,428/27– Atenas, 347 a.C.) foi um filósofo grego. Discípulo de Sócrates, fundador da Academia e mestre de Aristóteles. Acredita-se que seu nome verdadeiro tenha sido Arístocles; Platão era um apelido que, provavelmente, fazia referência à sua característica física, tal como o porte atlético ou os ombros largos, ou ainda a sua ampla capacidade intelectual de tratar de diferentes temas. Πλάτος (plátos) em grego significa amplitude, dimensão, largura. Sua filosofia é de grande importância e influência. Platão ocupou-se com vários temas, entre eles ética, política, metafísica e teoria do conhecimento.

O mito da caverna

O mito da caverna, também chamada de Alegoria da caverna, é uma parábola escrita pelo filósofo, e encontra-se na obr platonica intitulada 'A República' (livro VII). Trata-se da exemplificação de como podemos nos libertar da condição de escuridão que nos aprisiona através da luz da verdade.

Vamos a um vídeo sobre o mito da caverna:



Interpretação da alegoria


Platão referia-se na "alegoria da caverna" aos seus contemporâneos. O filósofo era como um fugitivo, que seria capaz de fugir das amarras que prendem o homem comum às suas falsas crenças e, partindo na busca da verdade, consegue apreender um mundo mais amplo. O filósofo, ao falar destas verdades para os homens afeitos às ilusões, não seria compreendido e seria tomado por mentiroso, um corruptor da ordem vigente.
O mito da caverna é uma metáfora da condição humana perante o mundo, no que diz respeito à importância do conhecimento filosófico e à educação como forma de superação da ignorância, isto é, a passagem gradativa do senso comum  para o conhecimento filosófico, que é racional, sistemático e organizado, que busca as respostas não no acaso, mas na causalidade.
Segundo Platão, o processo para a obtenção da consciência abrange dois domínios: o domínio das coisas sensíveis (eikasia e pístis) e o domínio das idéias (diánoia e nóesis). Para o filósofo, a realidade está no mundo das idéias e a maioria da humanidade vive na condição da ignorância, no mundo ilusório das coisas sensíveis, no grau da apreensão de imagens (eikasia) que são meras representações (as sombras), as quais são mutáveis, corruptiveis, não são funcionais e, por isso, não são objetos de conhecimento verdadeiro.

Se a interpretação dada até aqui tem um carater mais pedagógico, psicológico e social, não podemos deixar de dar atenção a outra interpretação do mito da caverna, que retrata uma problematica geométrica, e espressa o lado epistemológico do mito. Platão, que colocou no alto da porta de sua academia, a célebre frase "Não entre aqui quem não souber geometria" destacava este tipo de interpretação, que era a base de seu raciocinio.

O video abaixo é baseado no livro "Planolândia", escrito pelo clérigo inglês Edwin Abbott em 1884. Protegido da crítica, em sua primeira edição, pelo pseudônimo de "A. Square”. Abbott satiriza os preconceitos da sociedade inglesa vitoriana criando um mundo de duas dimensões. Planolândia  pode ser baixado em: http://www.icmc.usp.br/~walmarar/aulas2011/flat.pdf.


Vamos ao vídeo:


Teoria atómica de Platão

No livro Timeu, escrito por volta do ano de 350 a.C., Platão apresenta a teoria segundo a qual os quatro "elementos" admitidos como constituentes do mundo - o fogo, o ar, a água e a terra - eram todos agregados de sólidos minúsculos. Além disso, defendia ele, uma vez que o mundo só poderia ter sido feito a partir de corpos perfeitos, estes elementos deveriam ter a forma de sólidos regulares.
O fogo, sendo o mais leve e o mais violento dos elementos deveria ser um tetraedro.
Como o mais estável dos elementos, a terra deveria ser constituída por cubos.
Como o mais inconstante e fluido, a água tem que ser um icosaedro, o sólido regular capaz de rolar mais facilmente.
Quanto ao ar, Platão observou que: "o ar é para a água o que a água é para o ar," e concluiu, de forma algo misteriosa, que o ar deve ser um octaedro.
Finalmente, para não deixar de fora um sólido regular, atribuiu ao dodecaedro a representação da forma de todo o universo.
Por muito excêntrica e fantástica que esta teoria possa parecer aos nossos olhos, nos séculos XVI e XVII foi levada muito a sério, mesmo que não fosse completamente aceite como verdadeira, quando Johanes Kepler começou as suas buscas sobre a ordem matemática no mundo à sua volta. Os desenhos reproduzidos na figura são ilustrações do próprio Kepler sobre a teoria atómica de Platão. Contudo sabemos que estruturas moleculares formam sólidos geometricos e que estas formas conferem qualidades as substâcias, como é o caso do diamante que tem forma cristalina cúbica, e é uma das substancias mais estáveis e duras que conhecemos.





Keith Devlin "Matemática, a ciência do padrões", Porto Editora, 2002.

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